Os professores não apenas nunca pararam de trabalhar durante a pandemia de COVID-19 como tiveram sua carga de trabalho aumentada devido à dedicação para o ensino remoto, e agora híbrido e em vias de retornar ao presencial. Apesar disso, amargam mais de cinco anos sem reajuste salarial. A afirmação sobre esta realidade, tão conhecida pelos professores e professoras, foi do diretor Tesoureiro da ADUFRGS-Sindical, professor Eduardo Rolim, durante sua participação no programa Bom Dia, Democracia, da Rede Estação Democracia.
O programa abordou a pauta de reivindicações dos professores das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) entregue nos ministérios da Educação e da Economia. O documento foi elaborado pelo Conselho Deliberativo (CD) do PROIFES-Federação, do qual o Sindicato faz parte, e inclui 15 pontos, que incluem desde questões salariais até questões relativas à autonomia universitária prevista no artigo 207 da Constituição Federal de 1988.
Para Eduardo Rolim, a falta de reajuste, que já chega a 32,9% defasagem, abrange os mais de 150 mil professores federais, considerando os docentes do Magistério Superior (MS) e do Magistério do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT), se soma à “falta de diálogo, que desde o golpe de 2016 deixou de existir”, e também à “lenda de que os professores não estão trabalhando durante a pandemia”.
“Tanto trabalhamos dando aula, quanto trabalhamos atendendo às questões sanitárias. Não é verdade que não estamos trabalhando, estamos trabalhando muito mais! Efetivamente estamos conectados por muito mais tempo, essa carga horária precisa ser ajustada. O trabalho é multiplicado imensamente”, relata Rolim.
O cenário, recorda o sindicalista, é agravado pela chegada da variante Ômicron, que atrasou a retomada do ensino presencial na UFRGS para 7 de fevereiro (anteriormente estava previsto para 17 de janeiro), e que ainda não há garantias de que irá ocorrer. “Não se sabe como vai ficar, são aulas remotas e presenciais, o professor vai trabalhar o dobro. E é difícil também para os alunos, pois sem o contato presencial eles também sentem dificuldades”, preocupa-se Rolim. O diretor da ADUFRGS lembra que a pauta vai além da questão salarial, incluindo a questão do orçamento para a Educação e a Ciência.
Sobre o orçamento aprovado pelo governo para o ano, o sindicalista critica a previsão de que apenas uma categoria seja beneficiada. “O presidente acena com reajuste apenas para os servidores da Segurança. Não é que eles não mereçam. O problema é que não pode atender apenas uma categoria e com interesse eleitoral”, denuncia Rolim.
Rolim também falou sobre o ano eleitoral. “Não é porque é ano de eleições que vai haver aumento. Ao contrário, há o teto de gastos, a Emenda Constitucional (EC) 95, e a lei eleitoral, que proíbe reajustes acima da inflação seis meses antes da eleição, ou seja, a partir de abril”, comenta.
Conforme o diretor, a perspectiva para 2022 é que será um ano de luta, em que “é preciso vencer essa cortina de fumaça da responsabilidade fiscal”. “A responsabilidade deve existir, mas servindo ao povo, e não ao mercado. O governo quer privatizar tudo, universidades, saúde, serviços”, alerta. “É preciso revogar a EC 95, do teto de gastos, que limita apenas os gastos sociais, mas não deixa de pagar os juros da dívida, atendendo o mercado. É um governo que não respeita o serviço público”, acrescenta.
Acompanhe a pauta completa de reivindicações neste link.