ADUFRGS-Sindical presta solidariedade à ocupação dos estudantes indígenas

Nesta sexta-feira, 11, a ADUFRGS-Sindical fez a doação de um fogão e um botijão de gás aos estudantes indígenas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que ocupam a antiga sede da Secretaria Municipal da Indústria e Comércio de Porto Alegre (SMIC), desde o dia 6 de março.

Cerca de 50 integrantes kaigang, Xokleng e Guarani, em maioria mães, reivindicam a construção de uma Casa do Estudante Indígena, que respeite a cultura e as tradições dos povos originários deste território. O prédio abandonado desde 2017 foi cedido à UFRGS, que no início de fevereiro de 2022, devolveu o imóvel ao Município.

A diretora de Comunicação da ADUFRGS-Sindical e coordenadora do GT Direitos Humanos, Sônia Mara Ogiba, representou a diretoria do sindicato na entrega da doação. “A luta por uma educação pública inclusiva e que respeite as diferentes etnias que compõem a comunidade universitária é uma das bandeiras prioritárias do sindicato. Apoiamos as pautas que visam a garantia dos direitos sociais previstos na Constituição Federal como moradia digna, alimentação e saúde para todos e todas. Consideramos imprescindível o compromisso da nossa base sindical na defesa da implementação de ações afirmativas e de políticas públicas que garantam a permanência da comunidade indígena, em suas diferentes etnias, na universidade”, afirmou.  “O GT de Direitos Humanos da ADUFRGS está atento a importância, por exemplo, da renovação da lei das cotas sociais nas universidades como estratégia de inclusão dos estudantes, especialmente daqueles pertencentes aos povos originários”, concluiu.

Entre as estudantes presentes na ocupação estava Angélica Kaingang, mestranda na UFRGS em Política Social e Serviço Social. “Este é processo de retomada de nossos espaços e lugares, pois consideramos o Brasil inteiro como território indígena. Uma das maiores demandas para as mulheres mães estudantes indígenas é a moradia específica e diferenciada. Hoje a UFRGS oferece uma vaga na Casa do Estudante, mas não permite a presença de crianças com suas mães. Majoritariamente os estudantes que ingressam pelas cotas indígenas são mulheres, sendo a maioria mães. Na nossa cultura, nós levamos as crianças por onde vamos e a Casa do Estudante não permite isso”, destacou.

“Estamos na luta junto com as nossas lideranças indígenas e espirituais que estão somando forças nessa luta por uma moradia digna e específica, onde podemos ser quem nós somos. Neste processo de formação, nós indígenas buscamos essa rede de cuidado não só para as nossas crianças, mas para as mulheres”, refletiu.

Para a estudante do curso de Direito da UFRGS, Viviane Kaigang, a perspectiva com a ocupação é concretizar o sonho da Casa do Estudante Indígena, que é uma forma de sobrevivência. “Enfrentamos casos de racismo dentro da Casa do Estudante Universitário e isso ocorre frequentemente, principalmente com as mulheres. Temos que lutar para evitar esses episódios de racismo e preconceito e nós estamos cansadas disso. O nosso modo de viver precisa ser respeitado”, ressaltou.

A ADUFRGS-Sindical junto à CUT/RS segue apoiando a luta dos estudantes indígenas da UFRGS por moradia estudantil e alimentação, condições necessárias para que permaneçam na universidade pública e que a instituição respeite a sua cultura e sua tradição.