ADUFRGS-Sindical realiza aula pública na Semana Freiriana do PROIFES-Federação Atividade teve como tema “A Contribuição Política do legado de Paulo Freire para a luta sindical na atualidade” Dentro da programação da Semana Freiriana do PROIFES-Federação, na noite de 24 de agosto, a ADUFRGS-Sindical realizou uma aula pública sobre “A Contribuição Política do legado de […]
Atividade teve como tema “A Contribuição Política do legado de Paulo Freire para a luta sindical na atualidade”
Dentro da programação da Semana Freiriana do PROIFES-Federação, na noite de 24 de agosto, a ADUFRGS-Sindical realizou uma aula pública sobre “A Contribuição Política do legado de Paulo Freire para a Luta Sindical na Atualidade”. A palestra foi ministrada pelo professor da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Thiago Ingrassia e a mediação ficou a cargo da diretora do sindicato, a professora Sônia Mara Ogiba, coordenadora do GT Educação da ADUFRGS.
O evento virtual foi transmitido ao vivo pelos canais do YouTube (ADUFRGS e Centenário de Paulo Freire) e Facebook do sindicato.
A abertura da Live foi conduzida pelo presidente da ADUFRGS-Sindical, Lucio Vieira. “Ficamos honrados em participar dessa atividade da Semana Freiriana do PROIFES-Federação que presta uma homenagem ao centenário do educador Paulo Freire, que é referência na educação e seu pensamento contribui com a reflexão da atual conjuntura brasileira”, destacou.
Sônia Ogiba fez sua saudação inicial enaltecendo a iniciativa do PROIFES-Federação sobre a Semana Freiriana: Vida, Obra e Pensamento, em celebração ao Centenário do educador Paulo Freire (1921-2021). Segundo a professora, o legado do patrono da educação deixou uma grande contribuição política para o Brasil, que é relevante para a luta sindical.
“A contribuição política do legado de Paulo Freire para a luta sindical na atualidade é um tema significativo. Aparentemente pode ser uma redundância falarmos sobre a contribuição política do legado de Paulo Freire, porque em todo o pensamento, toda a vida e toda a obra de Paulo Freire o que de mais forte existe é essa dimensão política da educação. Somos um sindicato que está engajado nas comemorações alusivas ao Centenário de Paulo Freire e estamos trazendo aos e as associadas a memória do educador, por isso é importante enfatizarmos a questão política que marca o seu pensamento, vida e obra”, refletiu a professora Sônia Ogiba.
Thiago Ingrassia agradeceu o convite como palestrante da aula pública e parabenizou a inciativa do PROIFES-Federação e da ADUFRGS-Sindical em realizar atividades alusivas ao centenário de Paulo Freire. “A educação é um ato político e a figura de Paulo Freire provoca uma crítica política ao atual cenário brasileiro, que é bastante polêmico”, ressaltou. “Os ataques do atual governo federal em tentar tirar o título de Paulo Freire como patrono da educação colocaram a comunidade freiriana em alerta”, observou.
O professor citou o pensamento de Freire sobre a educação como um ato político partidário. “Não há nada mais político do que a decisão de não discutir política”, mencionou. “Para Freire, o ato político é um processo de educação e conscientização. Somos sujeitos políticos de decisão e a partir daí escolhemos o projeto de sociedade que queremos”, referiu.
Conforme Ingrassia, Paulo Freire em sua obra Educando o Educador (1997) teve o desafio de reinventar-se. “As ideias do autor são compreendidas a partir de uma prática de viver experiências”, comentou.
O palestrante avaliou que a luta para Paulo Freire é uma construção da realidade. “Na obra Pedagogia e Esperança (1992), o autor considera a luta como uma categoria histórica e social que nos remete à esperança”, citou. “Hoje vivemos em um País em que predomina o individualismo. Temos novos movimentos sociais que se fortalecem com o apoio das redes sociais, manifestando indignação e esperança. A luta de hoje é pela sobrevivência e a lei dos mais fortes sempre predomina. Observamos guerras livres, violências referentes ao machismo, racismo e outras formas de discriminação”, analisou.
Thiago refere que, no pensamento de Paulo Freire, a luta tem dimensão coletiva com a organização de partidos políticos e movimentos sociais. “Freire não adota a luta de classes como um dos motores. Ao adotar a linguagem de oprimido, ele questiona o que leva as pessoas a lutarem”, refletiu.
O professor considera a necessidade de a população brasileira romper com análises maniqueístas, divididas entre fascistas e democráticos. “Atualmente temos altos índices de desigualdades sociais. Precisamos de ideologias que façam as pessoas pensarem na transformação social dialética dessa reflexão e ação, ou seja, denunciar essa realidade opressora e transformá-la”, salientou. “É urgente denunciarmos o machismo, racismo e as desigualdades sociais, que ainda são heranças do período colonial do Brasil”, completou.
Para finalizar sua explanação, Ingrassia comentou sobre o encantamento de Paulo Freire com as marchas. “Segundo o educador, a marcha é a luta em movimento, um ato de transformação do sujeito que não aceita as desigualdades”, mencionou. “É dever do Estado combater as desigualdades sociais com a implementação de políticas públicas”, defendeu. “Seguindo o pensamento de Freire, hoje em dia, precisamos unir os diferentes para juntar os antagônicos”, conjecturou. “Denunciar, dizer o que queremos e porquê, além de recuperar o trabalho de base é fundamental para esse momento”, considerou.
Sônia Ogiba referiu a representatividade sindical da ADUFRGS, que reúne professores com uma heterogeneidade de conhecimentos. “Tivemos a preocupação em produzir um banco de dados disponível para consulta no novo Canal do sindicato aberto para o Centenário de Paulo Freire e ali armazenarmos o legado de Paulo Freire, bem como em uma Aba específica em nosso Site”, ressaltou.
De acordo com a professora Sônia, “há uma enganosa simplicidade na obra de Paulo Freire. “Não é uma obra simples e fácil. O educador é realmente um filósofo, pedagogo, humanista e o professor Thiago deixou bem claro isso nesta aula pública trazendo os pressupostos fundamentais da obra de Freire. Um deles é esse da educação como um ato político”, comentou. “Um outro pressuposto que a mim parece ser, muitas vezes, lido por alguns de maneira abreviada em termos do conteúdo gnosiológico que o mesmo comporta é a relação complexa, histórica e crítica que subjaz na relação teoria e prática, ressaltou.
“Duas concepções importantíssimas na luta sindical são justamente a noção de luta e a questão da transformação social. Esse é um ponto chave da contribuição de Paulo Freire, que muitas vezes é lido de maneira errônea, quando imaginam que a educação sozinha possa transformar a sociedade. A educação tem muito a contribuir através desse processo de conscientização para a elevação da consciência ingênua ou mágica a uma consciência crítica e isso o professor Thiago deixou também bastante claro nessa aula. A educação sozinha não pode transformar o mundo, mas pode contribuir na tomada e consciência crítica da realidade, por meio de uma relação sinérgica entre teoria e prática, que muito bem refletiu o professor Thiago”, concluiu a professora Sônia.
Veja os comentários durante o chat no YouTube:
Lucio Vieira Presidente ADUFRGS – Parabéns e obrigado professor Thiago!
Ana Maria Trindade – Vivemos em um período de anomia moral.
Graciela Quijano – Parabéns, professor, a sua fala é muito autêntica. Você sente a realidade da educação e da vida.
Juliano Torres – Bela iniciativa, Parabéns!
Fernanda dos Santos Paulo – Boa recuperação o conceito de luta. Sempre muito rigoroso e competente, o amigo e colega Thiago.
Luiza Helena Pereira – Parabéns Thiago ótimo debate.
Juliano Torres – Grato pela ótima iniciativa ADUFRGS E Professor Ingrassia!
Assista a live aqui no Canal Centenário de Paulo Freire na ADUFRGS-Sindical no YouTube ou ADUFRGS YouTube.