Na tarde desta quinta-feira, 6, o presidente da ADUFRGS-Sindical, Jairo Bolter, recebeu a visita de representantes do Coletivo de Estudantes Indígenas Universitários da Região Sul (CEIUURS), que se preparam para participar do Acampamento Terra Livre (ATL), em Brasília.
O encontro teve a presença das estudantes Viviane Kaingang, do Direito, Jaqueline Kaingang, do Serviço Social, acompanhada de seu filho Gokanh kaingang de 3 anos de idade, do mestrando em Educação Woie Patté, todos da UFRGS, e do bacharel em Psicologia da FURG, Claudir kaingang.
Conforme comentou Bolter, o apoio à assistência estudantil para garantir a permanência dos universitários nas instituições públicas e institutos federais é uma das pautas prioritárias do Sindicato. “Nesse momento, seguimos empenhados no diálogo com o Governo Federal, por intermédio do PROIFES-Federação, e com as instituições para a retomada de orçamento, a fim de garantir assistência estudantil”, afirmou.
O Acampamento Terra Livre é o maior evento do movimento indígena nacional, que acontece anualmente desde 2009. “A primeira mobilização do ATL discutiu a demarcação de territórios e depois ampliou o debate para outras demandas dos povos indígenas. O ATL é importante para garantir direitos fundamentais e o papel da mulher indígena como agente sociopolítico ativo no espaço de decisões. Precisamos ocupar nosso espaço de fala”, declarou Viviane kaingang. “O ATL também é um lugar para construirmos relações com lideranças políticas e com os ministérios, principalmente da Educação”, completou.
A estudante de Direito da UFRGS também apontou que a necessidade de bolsa permanência para os estudantes indígenas na graduação e pós-graduação. “Desde 2018, os editais para assistência estudantil abrem por pressão dos estudantes. Queremos não somente o apoio do governo, mas das universidades nesse processo”, salientou.
O mestrando em Educação da UFRGS Woie Patté reivindicou o respeito das universidades públicas federais à Lei de Cotas. “É urgente ampliar o número de vagas na UFRGS. Hoje a cota se resume a apenas 10 vagas para estudantes indígenas”, manifestou.
Para o bacharel em Psicologia da FURG Claudir kaingang, a falta de assistência estudantil reflete em falta de condições de moradia. “A Casa do Estudante Indígena da UFRGS foi uma vitória para o nosso povo, mas ainda apresenta condições precárias que comprometem as condições sanitárias para a vivencia de nossas crianças”, ressaltou.
A estudante de Serviço Social da UFRGS Jaqueline Kaingang explicou que a intenção é levar a delegação para o Acampamento Livre para mostrar a representatividade do povo indígena no Rio Grande do Sul e apresentar as demandas do segmento. “Ao contrário do que muita gente pensa, o Estado tem população indígena, que quer discutir educação, saúde, respeito ao corpo da mulher indígena e questões de território. A população kaingang é a 3ª maior no Brasil, reunindo mais de 37 mil pessoas de nossa etnia”, destacou.
Fotos: Site Climainfo, https://mapadeconflitos.ensp.fiocruz.br/