Violência nas escolas: um problema de todos

Revolta, impotência e angústia são sentimentos despertados em alunas e alunos, professoras e professores, familiares e na sociedade como um todo, pois todos são vítimas. Recentemente temos visto um aumento significativo de agressões e tentativas de chacinas nas escolas brasileiras.

Ataques que atingem professores, alunos e a comunidade escolar. O que antes só víamos na TV e em redes sociais, em noticiários de ocorridos nos Estados Unidos, hoje, chega até nós. O que antes imaginávamos ser uma terrível realidade distante já domina as manchetes de nossos jornais e tem provocado uma sensação de insegurança e medo no ambiente escolar.

Mas quando a violência começou? Em que momento as escolas passaram a ser um lugar de falta de diálogo, de intransigência e de comportamento violento e desrespeitoso? Além de questionar isso, é necessário perguntar: por quê? A escola não é uma ilha, na verdade é a reprodução dos laços sociais que são construídos fora dela.

Há uma preocupação urgente, e a tomada de decisão por parte do Estado para mitigar e impedir tamanho absurdo foi de primeiramente aumentar o policiamento. Mas será suficiente cercar as escolas de muros e policiais para reprimir os ataques, ou será que estamos diante uma sociedade doente?

São várias as violências que os professores sofrem diariamente no ambiente escolar, seja por ameaças verbais, desacatos e até mesmo em confrontos físicos. Será isso também decorrente da contínua falta de consideração que a categoria vem sofrendo durante décadas?

Algumas pessoas insistem em desrespeitar as regras de convivência e de sociabilidade, pressupostos estes há muito esquecidos e até mesmo estimulados pelo discurso de violência e intransigência alimentado nos últimos anos. Vale lembrar da responsabilidade de líderes políticos e de pessoas que ocupam cargos públicos que ainda vivem num estado de ânimo político e moral em permanente retorno à época sombria dos tempos do fascismo que infelizmente tomou conta, também, de setores ditos intelectuais. Apesar de chocantes, as histórias de violência dentro de ambientes de ensino estão cada dia mais comuns.

O convívio entre educadores e alunos foi objeto de um levantamento feito pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) em 2015, por meio dos questionários da Prova Brasil. De acordo com os resultados da pesquisa, 50% dos professores haviam presenciado algum tipo de agressão verbal ou física por parte de alunos contra profissionais da escola. Quase 30 mil declaram terem sofrido ameaças de estudantes. Mas não só os alunos são violentos. As agressões também vêm dos familiares.

A violência não ocorre só na relação entre professor e aluno, os professores também sofrem agressão física e psicológica pelas famílias. Ameaças e discussões em tom agressivo são frequentes.

É preciso que se abram e se criem espaços de debates que envolvam a sociedade como um todo, representantes de todos os espectros que representem as comunidades e a sociedade, alunos, pais, professores e trabalhadores da comunidade escolar, do ensino básico ao superior, além dos poderes Legislativo, Executivo, Judiciário e Ministério Público.

Quando um professor ou um aluno é agredido, a dor não é somente do indivíduo, a dor é de toda a sociedade.

A ADUFRGS-Sindical está ao lado de todas e todos nesse momento de necessário debate, atenção e combate a qualquer tipo de intolerância, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião, procedência nacional ou orientação sexual.

Sempre por uma educação pública, gratuita e de qualidade. Por instituições e um Estado republicano, democrático e de direito.

ADUFRGS-Sindical 

Foto: Adobe Stock

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