ADUFRGS-Sindical participa do lançamento da Revista Tição Edição Especial – 50 Anos

Revista denuncia o racismo e valoriza a identidade negra.

A noite de terça-feira (28) consolidou um marco da luta antirracista no Rio Grande do Sul e no Brasil: O lançamento da edição especial de 50 anos da Revista Tição realizado na Biblioteca Pública do Estado.

Pioneira na história do movimento negro no País, a Tição foi idealizada por um grupo de jornalistas negros, que faziam resistência à ditadura militar, em 1978. Essa ferramenta de comunicação foi criada para lutar contra a discriminação racial, a violência policial, e denunciar a falta de mercado de trabalho. Também marcou a divulgação dos valores e da cultura afro-brasileira.

Comprometida com a luta em combate a qualquer tipo de discriminação e por uma educação antirracista, a ADUFRGS-Sindical participou da solenidade de lançamento e patrocinou a edição especial da Tição. O Sindicato foi representado pela vice-presidente, Ana Boff de Godoy, e a diretora de Secretaria, Regina Witt.

Durante seu discurso, Ana Boff de Godoy saudou a presença da professora Petronilha Gonçalves, Doutora Honoris Causa da UFRGS, e carinhosamente citou a sua professora no curso de Letras da UFRGS, Maria da Graça Paiva. Em nome da diretoria do Sindicato, a vice-presidente manifestou a honra em apoiar a patrocinar a edição especial de 50 anos da Revista Tição.

“Estaremos sempre de portas abertas para as futuras edições, porque a educação se faz a partir da igualdade social, não pode haver nação sem igualdade de gênero, de raça e de classe. A ADUFRGS-Sindical têm campanhas permanentes por uma educação antirracista, antimachista e por uma educação diversa. Viva o movimento negro”, destacou.

Para a jornalista responsável e fundadora da revista, Jeanice Ramos, a edição de 50 anos da Tição é relevante para a sociedade brasileira. “Representa muito historicamente e socialmente, porque fizemos um resgate das principais pautas da Tição e abordamos uma visão cosmopolita de todos os assuntos. Vimos que os assuntos não foram ultrapassados e que continuam fazendo parte da comunidade negra e outros temas já superamos”, avaliou. “Pretendemos, ainda, fazer uma revista sobre juventude negra e segurança nacional. Aliados ao movimento negro, queremos reformas já e igualdade de oportunidades”, sinalizou.

Emílio Chagas, editor e fundador da Tição, relembrou a primeira edição da revista, em 1978. “Eu e Jorge Freitas militávamos no movimento negro e percebemos que a luta envolvia outras questões e não tínhamos nenhum espaço para discutir a identidade negra. Havia uma carência de profissionais negros nas universidades e nas redações dos jornais. Então, fizemos a revista em plena ditadura militar enfrentando muita censura e perseguições. A partir daí, a revista se tornou um verdadeiro movimento que teve repercussão em todo o Brasil”, comentou. “Nesses 50 anos, notamos que o racismo ainda está aí e precisamos seguir com a luta antirracista”, finalizou.

A atividade foi conduzida pela escritora e musicista Lilian Rocha, que foi responsável pela primeira curadoria de Literatura e Cultura Negra da Feira do Livro de Porto Alegre, em 2024. Contou, ainda, com a apresentação da cantora Marguerite Silva Santos e teve a participação de Naiara Oliveira, que declamou um poema de autoria de seu pai, Oliveira Silveira, poeta e escritor idealizador do Dia Nacional da Consciência Negra, 20 de novembro.

A solenidade reuniu a professora filiada ao Sindicato, Sandra de Deus, professora Doutora Honoris Causa da UFCSPA; a anfitriã Ana Maria de Souza, primeira mulher negra na direção da Biblioteca Pública do RS; a jornalista Vera Daisy Barcelos, fundadora da Tição; além de professoras, professores, escritoras, lideranças do movimento negro e sindical.