Nesta terça-feira, 23, tomou posse a nova Diretoria e o Conselho de Representantes da ADUFRGS-Sindical para o triênio 2022-2025. Os novos diretores e conselheiros foram empossados durante a Assembleia Geral Ordinária, que também incluiu a prestação de contas da gestão 2019-2022 e previsão orçamentária até o final do ano.
A assembleia foi aberta pelo professor Lúcio Vieira e pela professora Luciana Boose Pinheiro, respectivamente presidente e secretária da gestão que se encerrava. Ambos mostraram um vídeo com os principais números do triênio 2019-2022. “Resolvemos inovar no formato de divulgação das nossas ações”, explicou a professora Luciana. No vídeo foram destacadas a conquista certificação ISO 9001:2015, as revitalizações das sedes e a nova Unidade Móvel do sindicato.
A etapa seguinte foi a apresentação dos balanços pelo Tesoureiro Eduardo Rolim e a leitura do parecer da auditoria externa contratada. O presidente do Conselho Fiscal, Paulo Artur Konzen Xavier de Mello e Silva, também fez sua avaliação antes da votação da prestação de contas, que foi aprovada pelos filiados e filiadas presentes. Completada a etapa financeira, o professor Lúcio Vieira fez o uso da palavra pela última vez como presidente, antes de passar o cargo ao professor Jairo Bolter.
Jairo Bolter agradeceu aos companheiros da gestão atual e da que inicia, além de familiares, amigos, alunos, colegas, funcionários, “parceiros de luta”. Em sua fala, o novo presidente da ADUFRGS destacou o período de pandemia e o atual governo como grandes dificuldades enfrentadas pela categoria, e abordou os desafios que ainda vem pela frente.
“Talvez não tenhamos conseguido estar presentes em todos os espaços e momentos que a nossa base chamou, mas tentamos ao máximo nos movimentar como sindicato, sem perder nosso horizonte de luta. Fomos, somos e seremos uma entidade sindical atuante em defesa da democracia, do estado de direitos, das nossas liberdades, e em especial, da educação pública e da ciência”, afirmou Bolter.
O novo presidente também falou sobre os rumos do sindicalismo. “As entidades sindicais, o sindicalismo como um todo, está passando por um processo de transformação e nós precisamos nos movimentar neste sentido. Entidades com práticas e ações ultrapassadas não se sustentarão por muito tempo. Precisamos nos adaptar aos novos tempos. Vivemos na Era das Tecnologia e da Informação e precisamos fazer com que elas sejam nossas parceiras, não nossas adversárias”, refletiu, acrescentando que a “comunicação precisa ir além das mídias”. “A grande comunicação se faz no corpo a corpo, no dia a dia, e para isso convidamos todos e todas para se somarem a nós nessa importante luta”, complementou.
A conquista da ISO 9001:2015 também foi lembrada. “A certificação nos coloca em um patamar diferenciado no contexto político sindical”, disse o presidente.
A responsabilidade social do sindicato foi outro tema lembrado por Bolter. “Distribuímos mais de R$ 1 milhão em cestas básicas, doadas para entidades sociais e sindicais da região metropolitana de Porto Alegre, por meio de nossos parceiros estratégicos como a CUT, o CPERS e o SINPRO. Cestas essas que foram adquiridas de cooperativas da agricultura familiar, de pequenos produtores”, relatou.
O sindicalista fez ainda um relato sobre a associação com cooperativas de crédito. “Trouxemos a CRESOL para a Região, e a ela nos associamos. Estamos trabalhando e iremos trabalhar com a CRESOL, com o SICOOB, o SICREDI e a UNICRED para ver como poderão somar à nossa luta”, disse Bolter, explicando que as cooperativas permitem que o dinheiro investido retorne, em vez de apenas enriquecer os bancos, que “muitas vezes patrocinam ações contra a nossa categoria, como as privatizações e a mercantilização da educação, por exemplo”, completou.
Defesa da democracia
“Neste momento, mais do que nunca, está claro que todos nós precisamos lutar contra a barbárie, o preconceito, o machismo, o negacionismo e a intolerância. Basta de ódio e de violência! Lutaremos por mais livros e menos armas! Lutaremos por mais educação e menos ignorância”, afirmou Jairo Bolter, que encerrou deixando “bem clara” a posição da ADUFRGS-Sindical diante do contexto atual, em defesa da democracia, das liberdades, da liberdade de cátedra, da autonomia universitária e contra a ditadura, completando com a conhecida frase de Ulysses Guimarães.
Voto pela educação
“Vamos atuar fortemente para convencer a nossa base que todos precisam votar. Neste momento não podemos deixar de ir às urnas e nos abster. O país precisa de nós. As nossas instituições de ensino precisam de nós. O povo precisa de nós e nós novamente não vamos nos furtar da luta”, disse Jairo Bolter.
Além do presidente interino do PROIFES-Federação, Wellington Duarte, que se pronunciou por vídeo, fizeram uso da palavra o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, a reitora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Lucia Pellanda, e também membros do movimento estudantil, por meio do presidente da União Estadual dos Estudantes do Rio Grande do Sul (UEE-RS), Airton Silva, e de Clara Capibaribe, representante da chapa que assume nesta quarta-feira, 24, a próxima gestão do DCE da UFRGS.
Wellington Duarte saudou a diretoria eleita e desejou que a ADUFRGS “continue sendo uma das protagonistas da Federação”. “Acredito que essa diretoria vai contribuir bastante para a nossa expansão e consolidação dessa jovem Federação que vai crescer e vai precisar muito da ADUFRGS. Grande abraço e vamos em frente!”, disse o dirigente.
Amarildo Cenci, presidente da CUT-RS e também professor, destacou a importância da educação pública e da democracia, e agradeceu a parceria com o sindicato. “Em especial em relação ao apoio na doação das cestas básicas, citadas na prestação de contas”, disse o presidente, desejando sucesso à nova gestão.
A reitora da UFCSPA, Lucia Pellanda, também parabenizou o sindicato e fez votos de uma gestão exitosa à ADUFRGS, ressalvando que os tempos ainda serão difíceis. “Foram lembradas aqui uma série de dificuldades, mas sinto dizer que ainda temos um período difícil pela frente”, disse a reitora, que saudou a presença do reitor eleito e não empossado Rui Vicente Oppermann. “Faz muita falta”, emendou.
Airton Silva, presidente da UEE, abordou a revisão da Lei de Cotas, prevista para este ano, e defendeu uma conexão com a entidade no sentido de fazer uma campanha sobre o tema. “Uma campanha pública entre as universidades e institutos federais do nosso estado que paute a permanência dessa política pública, e não só isso, mas o avanço dela”, convidou.
A estudante Clara Capibaribe comemorou a retomada da possibilidade de “olhar nos olhos”, presencialmente, e defendeu maior abertura de diálogo com os sindicatos. “Representamos não somente os estudantes mas os que trabalham na universidade”, disse Clara.
Também estiveram presentes o reitor do Instituto Federal do Rio Grande do Sul Campus Porto Alegre, Júlio Xandro, e o reitor eleito e não empossado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Rui Vicente Oppermann, o ex-ministro Miguel Rossetto, além de ex-presidentes da ADUFRGS-Sindical de outras gestões, filiados, filiadas, sindicalistas e pessoas e empresas parceiras do sindicato em sua atuação. A posse foi prestigiada ainda, pelo diretor Administrativo do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (Adufg) e pela presidente do SINDIEDUTEC, Rosangela Gonçalves de Oliveira, sindicatos membros do PROIFES-Federação.
O professor Rui Vicente Oppermann, que foi eleito democraticamente reitor da UFRGS, saudou o “compromisso social” do sindicato. “A ADUFRGS é o sindicato que nos representa como docentes, e nos últimos anos, e isso foi reafirmado pelo [presidente] Jairo, há um compromisso social não só com os docentes mas com a sociedade como um todo. Esse movimento do sindicalismo em direção à sociedade é fundamental”, avaliou.
“Juntamente com o PROIFES, fazer um movimento de resistência à barbárie, aos ataques que as universidades vêm sofrendo nos últimos anos. Mas ficamos tranquilos que com a posse da nova diretoria continuaremos tendo ainda mais um sindicato atuante não só em relação aos nossos direitos como trabalhadores mas também para uma sociedade aberta e voltada para o desenvolvimento nacional”, finalizou.
Lúcio Vieira e Darci Campani, respectivamente presidente e vice da gestão 2019-2022, deixaram a diretoria mas ingressaram no Conselho de Representantes da ADUFRGS-Sindical e falaram sobre essa transição.
“A ADUFRGS comemora mais uma transição democrática entre duas diretorias. Isso é o mais importante”, afirmou Campani. “Mais de quarenta anos de lutas acumuladas e o nosso presidente Jairo vai representar a nossa categoria levando junto todos esses anos e a gente continua na luta, no apoio, pois mais do que nunca a luta é indispensável. Boa luta para todos”, desejou o professor.
“Encerramos um período longo de três anos de gestão, mas muito apaixonante, e saímos com a sensação de dever cumprido, após enfrentarmos uma das piores crises humanitárias, que foi a pandemia, e um governo que continua, esperamos que por pouco tempo. Um governo que foi o inimigo da educação, das universidades, daqueles que vivem e trabalham”, disse Vieira, que afirmou ainda estar feliz por estar passando o bastão para uma diretoria “muito qualificada”. “Temos certeza de que vão cumprir os compromissos de campanha e contarão com meu apoio, eu que continuo agora no Conselho de Representantes e como diretor da nossa Federação. Vamos estar na luta juntos”, indicou o ex-presidente.
Ao ser questionada sobre o que esperar dos próximos três anos, a vice-presidente da ADUFRGS-Sindical, professora Ana Boff de Godoy, garantiu que trabalho é algo que não faltará. “Mas tenho muita esperança que seja um trabalho de reconstrução. De não só segurar as coisas caindo, como se fez nos últimos quatro anos”, defendeu a professora.
“Temos uma tarefa muito grande de resgatar a nossa dignidade docente. Não só na recuperação dos nossos salários, da nossa perda salarial, da ordem de quase 40%, mas também da nossa dignidade enquanto profissionais. Tivemos um governo que nos atacou muito, colocando os professores como inimigos da nação quando todo nosso trabalho é de construção”, manifestou a vice-presidente, ponderando ainda as perdas em relação às áreas de pesquisa, extensão, bolsas e auxílios que “precisam ser retomados”.
Ana comemorou o fator diversidade na composição da atual gestão. “Estou muito feliz de fazer parte desta diretoria, que é muito plural. Pela primeira vez temos a maioria de mulheres na diretoria e representantes de toda a nossa base, com uma grande pluralidade identitária e ideológica. Acredito que isso será muito positivo para a nossa gestão”, ressaltando que essa formação possibilitará uma melhor comunicação com a sociedade, ouvindo opiniões para tentar reconstruir as conquistas que ao longo dos últimos anos foram perdidas.
Comunicar é o “desafio” assumido pela diretora Ana Karin Nunes. “Assumo a diretoria de Comunicação, que conta com uma equipe que vai buscar uma Comunicação de muita qualidade para todos os filiados, mas principalmente comunicar todas as lutas da ADUFRGS e as pautas que são tão caras à educação de qualidade nesse país”, concluiu.
O evento foi transmitido na íntegra pelo YouTube e pelo Facebook. Assista aqui.
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