Lúcio Vieira (*)
Um governo que usou e não poupou a máquina governamental para se reeleger, gastou milhões dos cofres públicos em emendas e medidas provisórias populistas, abusou das mentiras e do terrorismo emocional para vencer, e apostou que ganharia no 1º turno com 60% dos votos, viu-se perder para aquele que tentou varrer da história. A maioria dos eleitores brasileiros disse não ao Bolsonaro.
Isso não é pesquisa, é real. A democracia venceu o autoritarismo e a truculência. Derrotamos o golpismo. No dia 2 de outubro celebramos a vitória. Não houve violência e qualquer questionamento das urnas eletrônicas. Venceu a democracia também por conta disso. Bolsonaro perdeu também por conta disso.
Bolsonaro perdeu porque flertou com a ditadura, apoiou a tortura, debochou da dor dos brasileiros durante a pandemia, incentivou a criminalidade, patrocinou a destruição do meio ambiente, referendou a discriminação racial e a homofobia, pregou a violência de brasileiros contra brasileiros em nome de um falso deus, de uma farsa religiosa.
Todos os deputados, senadores e governadores já eleitos ou que ainda disputam, são produtos das eleições livres e democráticas. Nenhum deles é o Bolsonaro.
Muitos foram do governo, seja como ministros ou como vice-presidente, mas Bolsonaro perdeu e, cada um deles, sabe o tamanho dessa derrota e seu significado.
Alguns desses insistirão em defender Bolsonaro, e devem ser igualmente combatidos.
O resultado só não foi maior para a democracia porque alguns não tinham avaliado o que estava em jogo no cenário eleitoral. Setores democráticos se voltaram para seus projetos particulares e esqueceram do todo. Se esqueceram que antes o Brasil tinha que recuperar sua condição e país livre, democrático e soberano.
Mesmo num cenário que aponta para um congresso conservador, e esta foi a vontade da maioria, foi a vontade desta mesma maioria que deu um basta no governo atual.
Agora falta confirmar o retorno do Brasil à civilização, dar um fim à barbárie, e isso será no dia 30 de outubro. Para tanto, há que se articular ainda mais as forças democráticas do país, não importa se de direita, de esquerda ou de centro. Não importa a religião, a etnia ou a sexualidade. Importa ser democrata, ser antifascista, ser a favor da educação, da ciência, da saúde como um direito humano. Ser a favor de um estado que se preocupa com a população. Ser a favor da liberdade de organização e expressão. Ser a favor do crescimento econômico, do emprego, de salários dignos.
Confirmar a eleição de Lula no dia 30 próximo não é esquecer erros cometidos, é apostar no Brasil, é continuar acreditando que somos capazes de construir um país para todos.
(*) Ex-presidente da ADUFRGS-Sindical, membro da Direção do PROIFES-Federação