Após a publicação da Medida Provisória 1286, no dia 31 de dezembro de 2024, ficou garantido o acordo do reajuste salarial dos servidores federais. Mas, com isso, está tudo resolvido? Eduardo Rolim, diretor Tesoureiro da ADUFRGS-Sindical, em entrevista ao videocast do sindicato destacou que o cenário político vai exigir ainda mais do sindicato e dos professores.
O movimento está completo? Não, não ‘tá’, eu acabei de dizer, pouco tempo atrás, que a gente tá diminuindo a diferença entre Adjunto e Associado. Essa diferença tem que chegar a 10%. Essa é a nossa proposta, desde quando a gente começou a discutir a reestruturação da (lei) 12772. Nós achamos que todos os níveis tem que ter 5%, e agora terão, chegamos lá, mas a diferença entre classes, nós não chegamos lá ainda. Nós vamos ter, a partir de 2026, 6% entre a classe A e a classe B, 22,5% entre a classe B e a classe C
e 10% entre a C e a D. Para ver como nós ainda estamos desequilibrados na carreira. Nós temos uma massa de gente que fica ali no meio que tem um pulo enorme a dar para chegar mais em cima, então tem muita coisa que fazer ainda.
Nós temos absoluta consciência de que ao longo desses 20 anos em que o PROIFES existe, ele praticamente repôs aquilo que o neoliberalismo nos tirou. Isso é uma luta que continua, até porque nós passamos seis anos de um trágico governo. Inclusive descobrimos agora que é um governo que queria dar um golpe de Estado, inclusive com o vice-presidente da chapa daquele governo preso, portanto foram anos muito trágicos pra gente. E agora estamos vendo tudo isso que está acontecendo – e que pode voltar em 2027. A luta continua sempre e em defesa da Democracia.
Eu espero também que os professores federais, das universidades federais e dos institutos federais sejam muito vitoriosos também ao longo desse processo, que vai seguir pela frente, porque o Brasil precisa de nós. O Brasil precisa de democracia, mas também precisa de educação, de serviço público de qualidade, e nós precisamos muito fortemente questionar: não é possível a gente viver uma situação na qual o Congresso Nacional sequestra uma parcela gigantesca do orçamento da União, impedindo que a gente tenha políticas públicas efetivamente bem planejadas, bem executadas, então a gente precisa mudar isso.
Mudar essa ideia de que o mercado financeiro especulativo manda no país. O mercado acorda de dor de cabeça, o dólar vai para R$ 7. Isso não é possível, mas a gente (deve) aceitar isso? O arcabouço fiscal não foi uma solução para o país. Ele não é bom, porque ele trabalha na lógica de que a gente só vai aumentar despesa aumentando receita. Isso teoricamente poderia ser uma boa ideia, mas na realidade o problema é que quando a gente fala em déficit nós estamos só das despesas sociais: educação, saúde e segurança, enquanto o pagamento de dívida não está incluído nessa história.
Então muita coisa a gente precisa mudar, mas a principal questão é o Parlamento. Nós temos que olhar pro Parlamento em 2026 na eleição daqui a um ano e pouco, e dizer que é preciso mudar forte e radicalmente esses parlamentares que nós temos lá, esse é o grande mal que o Brasil tem hoje.