Criada em 1977, 30 anos após a divisão da Palestina para abrigar o estado de Israel, data ganha um maior simbolismo
Nesta quarta-feira (29), em Porto Alegre, o Comitê Palestina Livre RS promoveu um ato unitário em defesa do povo palestino para marcar o Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino.
A data foi criada em 1977 pela Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), dias após condenar a manutenção da ocupação militar de Israel nos territórios palestinos, para lembrar o aniversário da Resolução 181, de 29 de novembro de 1947, que aprovou, sem consulta aos habitantes locais, o Plano de Partição da Palestina.
Em 2023, esse dia ganha mais simbolismo, já que a população palestina, especialmente a que vive na Faixa de Gaza, vivencia uma escalada da violência realizada pelas forças militares israelenses. Na última semana, um cessar-fogo diminuiu as hostilidades, mas as mortes palestinas já somem cerca de 15 mil, incluindo mais de 6 mil crianças, segundo o Ministério da Saúde em Gaza.
As mais de 50 entidades, incluindo centrais, sindicatos, partidos, movimentos sociais e estudantis que integram o Comitê Palestina Livre RS, após a concentração inicial do ato, na frente da Prefeitura de Porto Alegre, saíram em caminhada pelo centro da Capital.
Para a tesoureira do Cpers, Rosane Zan, que faz parte da Coordenação do Comitê Palestina Livre, o ato de solidariedade e pelo fim do massacre ao povo palestino foi uma importante manifestação em defesa da vida desta população.
“Um povo que, desde 1948, vive condenado a humilhação perpétua. Não podem nem respirar sem pedir permissão, numa total falta de condições de sobreviver. O que acontece hoje na Faixa de Gaza, se a ONU não tomar as devidas providências, será o fim dos/as Palestinos/as. Lutar pela Palestina Livre é uma causa de toda a humanidade. O Cpers sindicato se soma nesta luta”, ressalta.
Representando o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Vanessa Borges reforçou a importância do internacionalismo como um princípio da luta dos povos e da classe trabalhadora. O MST também integra a coordenação do Comitê Palestina Livre.
“Queremos dizer que o Movimento Sem Terra tem no internacionalismo um princípio desde sua formação e de sua fundação. E nesse processo do internacionalismo como princípio temos historicamente essa solidariedade com o povo palestino. Participamos de várias missões em solidariedade organizadas por diversas organizações internacionais”, frisou.
A liderança do MST, destacou ainda que desde 2011 a organização tem uma brigada que todos os anos vai à Palestina, fica lá durante 30 dias vivenciando com o povo palestino a sua luta. “Vivenciando as suas dores e vivenciando o seu cotidiano naqueles 30 dias com camponeses e camponesas palestinas que sofrem, inclusive, a imposição do Estado de Israel sobre a própria colheita das suas azeitonas, que é um produto de tanta importância econômica e cultural para o povo palestino e para os camponeses palestinos.”
Segunda ela, nesse momento, e na verdade durante esses 75 anos, “a gente não pode dizer que existem dois lados de uma guerra”. “O que existe é um povo sendo colonizado, massacrado, historicamente, pelo imperialismo e por seu comparsa com o Estado de Israel. Nós não podemos dizer que existem dois lados, porque não existem dois lados. Não existe relativização do genocídio”, avalia.
Também, comentou sobre o papel da imprensa no genocídio do povo palestino em décadas de exploração. “É uma vergonha o que a mídia brasileira, o que a mídia internacional fazem com relação ao que está acontecendo com o genocídio do povo palestino. Então nós estamos aqui agora, juntos, para lutar e para demonstrar nossa solidariedade e exigir cessar fogo imediato e definitivo e que o povo palestino tenha direito à sua autodeterminação”, destacou.
Ato contou com a participação de diversos Sindicatos / Foto: Jorge Leão
Diversas organizações de movimentos populares, sindicatos e partidos se manifestaram antes e durante a caminhada que percorreu ruas do centro da cidade. Também ocorreram atos no estado em Pelotas, Santa Maria, Santa Cruz do Sul, Sant’Ana do Livramento e Santo Ângelo.
Em nota lançada nesta quarta-feira, a FEPAL afirma que a Palestina vive genocídio maior que o da 2ª Guerra Mundial. “Em Gaza e na Cisjordânia, em menos de 50 dias, foram assassinados mais 15 mil palestinos. Considerando os 7 mil desaparecidos sob os escombros, temos mais de 22 mil mortos. Os apressados se aterão à ordem de grandeza dos 22 mil mortos, insignificantes perto dos 70 milhões de mortos para a 2ª GM. Mas a conta é diferente e parte dos 465 mortos ao dia numa população de apenas 2,2 milhões, encarcerada num campo de concentração de 365 km².”
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