A ADUFRGS-Sindical segue com as atividades do Novembro Negro e a Série Personalidades Negras, que é publicada toda sexta-feira. A série traz a trajetória de mulheres e homens que são referência na luta antirracista, e a programação inclui ainda outras atividades alusivas do mês.
A série iniciou com a paulista Sueli Carneiro, filósofa, escritora e ativista antirracismo do movimento social negro brasileiro.
Nesta sexta, a ADUFRGS-Sindical apresenta a trajetória do poeta Salgado Maranhão, pseudônimo de José Salgado Santos.
Salgado Maranhão foi alfabetizado apenas aos 15 anos. Nos anos 1970, participou do movimento de poesia marginal, tendo seus primeiros poemas em livro publicados na antologia poética “Ebulição da escrivatura: treze poetas impossíveis”, editada pela Civilização Brasileira e organizada por Salgado, Antonio Carlos Miguel e Sérgio Natureza. A obra obteve reconhecimento junto à crítica e à mídia e resultou em parceria com Paulinho da Viola, fazendo com que se consagrasse por seu trabalho junto à Música Popular Brasileira. Tem composições com Ivan Lins, Elton Medeiros, Zeca Baleiro, Moacir Cruz entre outros.
Em 1998, Salgado Maranhão foi agraciado com o Prêmio Ribeiro Couto da União Brasileira dos Escritores, ano em que publicou “Mural de ventos”, obra que no ano seguinte recebeu o Prêmio Jabuti.
Maranhão alia a atividade da escrita musical à poesia, é mestre em shiatsu e também terapeuta corporal há mais de dez anos, buscando inspiração no pensamento oriental a relativização dos valores europeus inerentes à escrita. Recentemente concorreu com Gilberto Gil a uma vaga à Academia Brasileira de Letras (ABL), que acabou ficando com o músico.
Confira um pouco mais de Salgado Maranhão, conforme ele mesmo:
“Minha poética gravita na borda da língua, nesse equilíbrio delicado em que um passo para trás é o lugar comum e um passo para frente é o ininteligível. É lógico que isto não é apenas uma atitude deliberada e racional. É um temperamento, um gostar de ser, é como se eu desejasse abrir um caminho novo na língua. Devo dizer que quando chega o poema, é uma verdadeira possessão de palavras em meus sentidos, chego a pensar que estou ficando louco. E estou: louco de luz. Depois desse momento de epifania, eu volto a retrabalhar o poema, infinitas vezes, para esgarçar ao máximo as possibilidades da palavra.”