Dentro das atividades do Novembro Negro na ADUFRGS-Sindical, a Série Personalidades Negras desta sexta-feira, 26, destaca a trajetória da ativista e intelectual negra Lélia Gonzalez, uma das fundadoras do Movimento Negro Unificado (MNU), ano de 1978. Ela denunciou o racismo e o sexismo como formas de violência que subalternizam as mulheres negras.
“A gente não nasce negro, a gente se torna negro. É uma conquista dura, cruel e que se desenvolve pela vida da gente afora.”
A mineira Lélia é graduada em História e Geografia, mestre em Comunicação e doutora em Antropologia Política. Iniciou o primeiro curso de Cultura Negra na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV), inserindo a contribuição africana na formação histórica e cultural brasileira. O curso incorporou ao currículo aulas práticas de dança afro-brasileira, capoeira e o conhecimento das religiões de matriz africana. Segundo a ativista, o conceito de cultura deveria ser pensado em pluralidade e servir como elemento de conscientização política.
Lélia foi uma das fundadoras do Movimento Negro Unificado contra Discriminação e o Racismo (MNUCDR), em 1978, hoje conhecido como Movimento Negro Unificado (MNU) e do coletivo de mulheres negras, Grupo Nzinga, e integrou o conselho consultivo da Diretoria do Departamento Feminino do Granes Quilombo. Consolidou um pensamento alternativo sobre a realidade brasileira e a diáspora africana.
Na década de 80, publicou seu primeiro livro “Lugar de negro” em parceria com o sociólogo Carlos Hasenbalg. A obra abordou a inserção da população negra no contexto histórico do modelo econômico de 1964 e o resgate histórico dos movimentos sociais negros. Lélia também é autora do livro “Festas Populares no Brasil”, que registra as festas populares espalhadas pelo Brasil, traduzindo a diversidade das manifestações culturais.
Ao fazer incursões pelo campo da psicanálise, Lélia retoma o campo da linguagem tratado pelos psicanalistas Sigmund Freud e Jacques Lacan, e cunha o vocábulo petruguês, sendo reconhecida como “a mulher que falava pretuguês”, enlaçando cultura e linguagem em um ato de religação com sua história e de seu povo negro, conforme sinaliza a diretora de Comunicação do sindicato, professora Sônia Mara Ogiba.
A série, publicada toda sexta-feira, traz a trajetória de mulheres negras e homens negros que são referência na luta antirracista. O Novembro Negro inclui ainda outras atividades alusivas do mês.
Veja as personalidades negras que foram destaque na série:
A paulista Sueli Carneiro, filósofa, escritora e ativista antirracismo do movimento social negro brasileiro.
O poeta Salgado Maranhão, pseudônimo de José Salgado Santos.