A representatividade feminina marcou o debate sobre o desfinanciamento das universidades públicas promovido pela ADUFRGS-Sindical, na noite de 10 de fevereiro, com transmissão ao vivo pelo YouTube e Facebook do sindicato.
Participaram da mesa a professora Lucia Pellanda, reitora da Universidade de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), a professora Isabela Fernandes Andrade, reitora da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), e a professora Martha Adaime, vice-reitora no exercício da reitoria da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). O reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS, Carlos André Bulhões também foi convidado, mas não confirmou participação.
O debate virtual foi mediado pelo presidente em exercício da ADUFRGS-Sindical, Darci Campani. A live contou ainda com a participação do diretor tesoureiro da ADUFRGS-Sindical, Eduardo Rolim, da diretora de Comunicação do sindicato, Sônia Mara Ogiba, do presidente do Conselho de Representantes, Felipe Comunello e de sua vice, Ana Boff de Godoy.
Na abertura, Darci Campani agradeceu a presença das reitoras no debate virtual e lamentou a ausência da reitoria da UFRGS. “Esse evento é importante para discutirmos a defesa das universidades públicas e institutos federais, que sofrem com os cortes orçamentários nos últimos anos. Os vetos do governo federal ao Orçamento da União de 2022 causam um déficit de aproximadamente R$ 800 milhões no Ministério da Educação”, ressaltou. “A perda de recursos inviabiliza os investimentos em ciência, tecnologia, ensino, pesquisa e extensão, repercutindo diretamente nos serviços que as universidades prestam à população. Também impacta na valorização dos professores e servidores técnicos-administrativos, que estão há mais de 5 anos sem reajuste salarial”, afirmou.
A reitora da UFCSPA, Lúcia Pellanda, referendou a representatividade das mulheres na liderança das reitorias. “Nesse debate, tenho a honra de dividir o espaço com duas reitoras, uma da UFSM e outra da UFPel e isso é uma vitória”, disse. Ela salientou que mesmo diante das dificuldades de orçamento, as universidades atuaram de forma incansável na linha de frente no enfrentamento à pandemia de Covid-19.
De acordo com a reitora, de 2014 a 2020 houve uma queda significativa no custeio das universidades. “Nesse período, perdemos mais de R$ 80 bilhões do orçamento em pesquisa científica no Brasil. O orçamento de custeio das universidades caiu e o número de alunos aumentou”, observou. “A Emenda Constitucional 95, que congelou as verbas públicas para educação, saúde e segurança trouxe duras consequências para o ensino. No momento que atingirmos o teto de gastos haverá congelamento das progressões e vedação a novas contratações”, avaliou.
Segundo a reitora em exercício da UFSM, Marta Adaime, “não há maneira de levar a nação brasileira sem investimentos em saúde, educação, ciência e tecnologia. “O Plano Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) que apoia a permanência de estudantes de baixa renda matriculados em cursos de graduação presencial das instituições federais de ensino superior (Ifes) teve uma redução real de 25% de orçamento depois da EC 95”, informou. “Precisamos de investimentos em educação, a escola pública é o caminho para a mudança de realidade social das famílias”, acrescentou.
A reitora Marta falou sobre a previsão orçamentária da UFSM para 2022, que é de R$125 milhões. “Desse montante, temos R$ 121,5 milhões para custeio e R$ 4,5 milhões para investimento”, sinalizou. “A aprovação do Orçamento da União de 2022 pelo Congresso Nacional mostra a desvalorização do governo com a educação. Não existe pesquisa e extensão sem recursos para viabilizar e custear o trabalho”, reforçou.
Para a reitora da UFPel, Isabela Andrade, a liderança das mulheres nas reitorias das universidades gaúchas é uma conquista da democracia. Ela ressalta que a universidade pelotense fez uma série de investimentos para superar o período de pandemia de Covid-19. “Desde 2017, os cortes nas ifes trouxeram prejuízos para a educação. Além da redução no orçamento, tivemos a extinção de cargos técnicos-administrativos que não tiveram reposição. O custeio para equiparar
Em 2021 o nosso orçamento de capital foi de R$ 2 milhões, um valor reduzido logo no momento de pandemia, quando as instituições federais de ensino cumpriram um papel fundamental. Na UFPel, nos últimos 5 anos, tivemos uma redução de recursos de capital de R$ 10 milhões para R$ 2 milhões. Fechamos 2021 com um déficit de R$ 5 milhões em nossa universidade em relação ao custeio”, advertiu. “O orçamento previsto para 2022 é pior que 2019. Precisamos de uma reposição da inflação de 2019 para garantir o bom funcionamento da UFPel”, disse. “Estamos organizando o retorno gradual das aulas presenciais e exigimos o passaporte vacinal, aprovado por unanimidade no Consun”, enfatizou.
O presidente do CR, Felipe Comunello, falou sobre a importância do debate para a defesa das universidades públicas com os devidos recursos para financiamento de suas atividades. “A educação precisa de investimentos para sua sobrevivência. A redução de recursos colocou em risco a manutenção, o custeio e a expansão das instituições. Os cortes orçamentários do governo federal também são acompanhados de ataques à democracia e à autonomia nas universidades”, considerou.
Veja alguns comentários durante o chat do YouTube:
Nilton Ferreira Brandão – Parabéns a ADUFRGS por organizar este importante debate. A defesa da Educação pública passa necessariamente pela garantia dos recursos necessários para atendimento das necessidades da sociedade.
Sonia Mara Moreira Ogiba – Excelentes análises das Reitoras Lucia e Martha!!
Sonia Mara Moreira Ogiba – Nós também temos muito orgulho das pesquisas que UFPel produziu e ainda produz!!
Sonia Mara Moreira Ogiba – Parabéns a essas 3 Reitoras, mulheres corajosas e competentes!
Sonia Mara Moreira Ogiba – Obrigada ao nosso presidente do CR e da vice-presidente Ana !!
Susana Maria Werner Samuel – Cumprimentos e gratidão às reitoras pela exposição do desfinanciamento das Universidades! Lamentável que a UFRGS não tenha participado.
Ursula silva – Parabéns, importante debate para que todos saibam como as universidades públicas estão, precisamos deste apoio da sociedade!