Profissionais técnico-administrativos estão paralisados há cerca de um mês; entidades de professores divergem
A greve de servidores de universidades e institutos federais tem crescido, nos últimos dias, no Rio Grande do Sul. As instituições ainda fazem levantamentos sobre os serviços afetados, mas há informação de paralisação de atividades em municípios como Vacaria, na Serra; Ibirubá, no Noroeste; Erechim, no Norte; Santa Vitória do Palmar, São Lourenço do Sul e Rio Grande, no Sul; e Santo Antônio da Patrulha, no Litoral Norte.
A mobilização é nacional. Na semana que vem, as entidades envolvidas se reunirão em Brasília, por meio do Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe), para fazer uma marcha reivindicando reajuste de 22,71% até 2026, reestruturação da carreira; aposentadoria com paridade e integralidade e revogação de medidas “antissindicais, antidemocráticas e contrarreformas”.
A adesão maior é, por enquanto, dos técnico-administrativos representados pela Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra), que anunciou greve há cerca de um mês. Vinculada a essa entidade, a Assufrgs, que representa técnico-administrativos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) e do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), iniciou a paralisação no dia 18 de março.
— As assembleias estão sempre numa crescente, dobrando de tamanho, o que mostra a insatisfação em relação ao posicionamento do governo federal, que mantinha a postura de manter o 0% de reajuste. Acho que o diálogo já avançou bastante, em relação a um possível reajuste, e de uma reestruturação da nossa carreira, mas o que nos contemplaria seria um acordo no papel que garantisse um reajuste salarial ainda para 2024 — pontua Tamyres Filgueira, diretora da Assufrgs.
A entidade pretende concluir até terça-feira (16) um levantamento sobre quais os serviços são afetados pela greve, dentro das instituições, mas estima que 90% das unidades acadêmicas tenham aderido, até o momento. Procurada, a UFRGS também não informou, até o momento, quais os reflexos da paralisação em seu funcionamento.
Entre os professores, existe uma divergência de posição entre dois sindicatos. A Adufrgs-Sindical, que representa profissionais da UFRGS, da UFCSPA, do IFRS e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense (IFSul) optou por não aderir à greve, mas informa que pode convocar nova assembleia a qualquer momento e que mantém a mobilização.
Já as regionais do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), que representa docentes da UFRGS, do IFRS, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), do Rio Grande (FURG), de Santa Maria (UFSM) e do Pampa (Unipampa), têm aprovado em assembleias o ingresso na mobilização.
Segundo o pró-reitor do IFRS Lucas Coradini, estão sendo realizadas assembleias das categorias nos campi e os servidores estão em processo de discussão sobre a adesão à greve. Em algumas unidades, se observa uma adesão parcial, mas ainda estão sendo levantados os impactos nos serviços. Até o momento, três campi, de um total de 17, suspenderam o calendário acadêmico: os de Vacaria, Ibirubá e Erechim.
A assessoria do IFsul informou que, oficialmente, a instituição tem quatro unidades com calendário suspenso por tempo indeterminado: Pelotas, Peloras-Visconde da Graça (CaVG), Camaquã e Jaguarão.
Na Furg, a paralisação já está instaurada desde o dia 8 de abril. Procurada, a instituição informou que não tem um levantamento sobre as atividades afetadas, mas que, em breve, se reunirá com o comando de greve para tratar do assunto. A representante da regional do Andes-SN na Furg, Marcia Umpierre, relata que há dois campi 100% paralisados: os de Santa Vitória do Palmar e de São Lourenço do Sul. A unidade de Santo Antônio da Patrulha está com paralisação de 76%, enquanto a de Rio Grande está em 80%. No campus de Rio Grande do IFRS, a parte do Ensino Médio praticamente inteira está em greve, conforme a sindicalista.
— São dados bem relevantes. A greve iniciou há cinco dias e estamos com uma mobilização muito grande. Nesta semana, aconteceram reuniões em Brasília com o governo federal sobre o assunto, uma delas com o presidente Lula, e avaliamos que já há vitórias na nossa greve, porque essas reuniões não vinham acontecendo — ressalta Marcia.
Na próxima segunda-feira (15), deve começar também na UFPel, enquanto no IFRS a greve está prevista para o dia 22. Antes disso, no dia 18, os professores da UFRGS representados pelo Andes-SN terão assembleia para definir posição.
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