A luta pela eliminação da violência contra a mulher e o papel da mulher no Sindicalismo foram temas abordados pela professora Sônia Mara Ogiba, diretora de Comunicação da ADUFRGS-Sindical nesta quarta-feira, 1º, no Bom Dia, Democracia, da Rádio Estação Democracia (RED).
A diretora também abordou a necessidade de “descolonização” da história por meio da educação, defendida por bell hooks (veja aqui mais informações sobre a escritora, professora e ativista destacada na série Novembro Negro).
Direitos Humanos, a mulher e o Sindicalismo
Sônia Ogiba falou sobre a importância, para a ADUFRGS-Sindical, de estar mobilizada e ser um sindicato “aliado das lutas em defesa dos Direitos Humanos”. “Não é só a luta corporativa, de defesa da carreira, e por uma política de educação, o que seria, por si só, uma luta legítima, pois somos um sindicato de professores e professoras de universidades e institutos federais. Luta específica que é peculiar e genuína ao Sindicato, mas também a luta pela defesa dos direitos humanos, que se amplia, especialmente neste ano”, explicou a professora, complementando o cenário pandêmico e o aumento da violência contra a mulher.
A sindicalista lembrou que o ano foi um ano ainda mais especial para a defesa dos Direitos Humanos, destacada nas comemorações do Centenário de Paulo Freire, educador brasileiro mundialmente reverenciado e que “lutou e defendeu esses direitos e uma educação pública e emancipatória para todos e todas“. “A ADUFRGS-Sindical tem sido aliada de todos os movimentos das centrais sindicais das quais faz parte, CUT e PROIFES-Federação, no combate veemente às agressões aos Direitos Humanos”, disse Sônia, chamando a atenção para as ações do Novembro Negro no Sindicato.
A professora, que também é membro do Coletivo Vidas Negras da CUT e no Coletivo Estadual de Mulheres da CUT, ambos pertencentes à Secretaria de Combate ao Racismo e a Secretaria de Formação Sindical, integra, ainda a Internacional da Educação para América Latina (IEAL) e a Rede de Mulheres Trabalhadoras em Educação da América Latina (RED), que vêm realizando ações constantes pelos Direitos Humanos e contra a violência de gênero.
“O movimento feminista no mundo tem muito a destacar, não só sobre o papel da mulher no sindicalismo do século XX, mas também no século XXI, junto aos movimentos populares, e é preciso manter viva essa memória”, destacou Sônia. “As mulheres são ‘tecelãs da história’, e essa visão política e poética das feministas em relação a nós, como responsáveis pela memória, é preciso ser destacada”, complementou.
Descolonização
Como forma de mudar o cenário de violência e de lutar pela consciência quanto aos Direitos Humanos, a professora Sônia Ogiba falou sobre o conceito de “descolonização da história”, defendido pela escritora, professora, teórica feminista, artista e ativista antirracista bell hooks.
“Ao mesmo tempo em que a escola é uma potência para transformar e formar uma consciência crítica, ela também pode ser um dispositivo e um aparelho ideológico do Estado”, alertou a professora Sônia.
“É preciso ter os alunos como parceiros no combate à colonização, ao racismo estrutural, à violência, e os sindicatos vêm atuando muito neste sentido”, afirmou, acrescentando que a IEAL vem buscando trazer também os homens para esse processo de conscientização. “Há muitos homens que sentem que é preciso mudar. Mas é algo muito estrutural essa questão do machismo, do racismo, do sexismo, dessa guerra entre os gêneros, em que o homem branco ocidental teve uma dominância como paradigma das relações sociais. Ele [paradigma] está muito fragilizado hoje, e estamos na luta para derrubá-lo, como feministas, como sindicalistas”, reforçou a diretora de Comunicação da ADUFRGS.
Irmãs Mirabal
Sônia Ogiba também chamou a atenção para o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher, celebrado em todo o mundo em 25 de novembro. A data homenageia as irmãs Mirabal (Pátria, Minerva e Maria Teresa), assassinadas por sua oposição à ditadura de Rafael Leónidas Trujillo na República Dominicana nos anos 1960.
Dia Internacional dos Direitos Humanos
A professora acrescentou que a mobilização iniciada em 25 de novembro segue com uma campanha que culminará no Dia Internacional dos Direitos Humanos, em 10 de dezembro. A data é celebrada em razão da proclamação, no ano de 1948, da Declaração Universal dos Direitos Humanos pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em Paris. O documento reconhece que “a dignidade é inerente à pessoa humana e é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo”.
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