Preocupada com a saúde mental dos professores e professoras, a ADUFRGS-Sindical se engaja, mais uma vez, na campanha Janeiro Branco, trazendo conteúdos e informações para alertar sobre a necessidade de estar atento ao cuidado com a saúde mental.
O Sindicato lembra que o Janeiro Branco, além de gerar conscientização por parte das pessoas com relação à saúde mental, também tem como objetivo chamar a atenção para a importância de haver estratégias e políticas públicas na área. Saiba mais sobre a Síndrome de Burnout, doença descrita em 1974 por pelo médico americano Freudenberger e incluída em 2019 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) na 11ª Revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-11) como um fenômeno ocupacional.
A síndrome foi incluída na CID-10, na mesma categoria da CID-11, mas a definição foi mais detalhada na última revisão. “Burnout é uma síndrome conceituada como resultante do estresse crônico no local de trabalho que não foi gerenciado com sucesso. É caracterizada por três dimensões: sentimentos de exaustão ou esgotamento de energia; aumento do distanciamento mental do próprio trabalho, ou sentimentos de negativismo ou cinismo relacionados ao próprio trabalho; e redução da eficácia profissional”, diz a definição que entrou em vigor em 1º de janeiro de 2022.
Uma pesquisa do Instituto Tim Saúde Mental e Bem-Estar dos Professores Brasileiros do Ensino Fundamental + Análise Covid com 769 professores de escolas públicas e privadas de 22 estados, mostra que cerca de 95% dos professores apresentam altos níveis de esgotamento emocional, e mais da metade se sentia esgotada ao final do dia “algumas vezes por semana” ou durante todo o mês. Além disso, mesmo antes da pandemia, 16,6% dos professores apresentavam quadro de depressão, muito acima do cenário geral – dados da Organização Mundial de Saúde indicam que 5,8% dos brasileiros sofrem com a doença. (leia aqui matéria sobre o estudo).
O principal sintoma da síndrome é a sensação de esgotamento físico e emocional. Essa sensação pode acabar resultando em ausências no trabalho, mudanças de humor, agressividade e irritabilidade, isolamento, dificuldade de se concentrar e lembrar das coisas, ansiedade, depressão, entre outros sentimentos e sensações. É comum haver queixas de dores musculares e de cabeça, cansaço, palpitação, pressão alta, dificuldade para dormir, crises de asma, distúrbios gastrintestinais.
O diagnóstico da doença é basicamente clínico e considera o histórico do paciente, seu envolvimento e realização pessoal no trabalho.
O tratamento da Síndrome de Burnout pode incluir uso de antidepressivos e psicoterapia, além de atividade física regular e exercícios de relaxamento para ajudar a controlar os sintomas. A recomendação é de procurar ajuda profissional, além de evitar a automedicação e uso de álcool e drogas para lidar com crises de ansiedade e depressão.
Conforme pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) sobre o impacto da pandemia e do isolamento social na saúde mental, sintomas de ansiedade e depressão afetam 47,3% dos trabalhadores essenciais durante a pandemia, no Brasil e na Espanha. Mais da metade deles (e 27,4% do total) sofre ao mesmo tempo de ambas as doenças, e 44,3% têm abusado de bebidas alcoólicas. A mudança nos hábitos do sono ainda acomete 42,9% dos entrevistados.
Políticas públicas e Esgotamento mental
Para a diretora de Comunicação da ADUFRGS-Sindical, professora Sônia Mara Ogiba, o Janeiro Branco é “o momento oportuno para intensificar a cobrança aos gestores de políticas públicas para o campo da saúde mental”. A professora, que também é psicanalista, salienta que esta é “uma questão que merece cuidado, atenção e escuta”, em especial dentro do contexto da pandemia de Covid-19, que afeta a sociedade desde 2020.
“Entramos em 2022 com o fantasma de uma nova variante do vírus, a Ômicron, gerando angústia e ansiedade em razão do alto contágio da nova variante. Novamente o sujeito entra em sofrimento, pois sua atenção se volta a proteger-se, a si e aos seus familiares”, destaca Sônia.
“Observamos o aumento significativo de pessoas esgotadas mentalmente sem acesso a um acolhimento especializado, e uma quase ausência de políticas públicas que amparem a população, abrindo um lugar para a escuta do sujeito em sofrimento”, alerta a psicanalista.
Sônia acrescenta que os professores e professoras passaram a viver em uma constante tensão pela necessidade de adaptação para o trabalho remoto e híbrido, com a intensificação da jornada de trabalho, e que o quadro de vulnerabilidade se agravou pela crise política e desvalorização dos docentes e da educação.
Leia mais sobre o Janeiro Branco aqui.
Histórico Janeiro Branco na ADUFRGS-Sindical
Acompanhe aqui as próximas notícias sobre o Janeiro Branco 2022 no Sindicato.
Leia mais sobre saúde mental no espaço de memória do Portal Adverso e a participação da ADUFRGS-Sindical em edições anteriores da campanha Janeiro Branco:
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