Para debater os desafios do sindicalismo e a educação pública, as duas mesas realizadas pela ADUFRGS, na noite de terça-feira, 21, apontaram para a crise econômica e social enfrentada pela sociedade brasileira.
A primeira mesa “Desafios do Movimento Sindical e a Educação Pública” teve a participação de Alex Santos Saratt, 1° vice-presidente do CPERS/Sindicato, Amarildo Pedro Cenci, presidente da CUT/RS, Margot Johanna Capela Andras, diretora do Sinpro/RS, e Lúcio Vieira, presidente da ADUFRGS-Sindical.
Lúcio Vieira, mencionou o momento doloroso que o País vivencia com o aumento da violência e da impunidade. “A morte de Genivaldo dos Santos asfixiado durante abordagem de policiais rodoviários federais, o assassinato do indigenista Bruno Araújo e do jornalista Dom Phillips e o julgamento da juíza federal que negou o aborto para uma menina de 11 anos grávida após estupro, por exemplo, revelam o estado de morte e a falta de humanidade incentivada pelo governo federal”, protestou.
De acordo com Vieira, as entidades sindicais têm o papel de defender a cidadania e a soberania da nação. “Vivemos hoje uma crise sanitária e econômica que alavancou uma tragédia social, sem políticas públicas para superá-la. São mais de 600 mil brasileiros mortos, um alto índice de desemprego, fome e deterioração da educação. Estamos nas mãos de um governo negacionista contrário à solidariedade humana”, destacou. “Precisamos ganhar o apoio da sociedade para a defesa da educação pública, que forma a ideia de nação, democracia e civilização.”
Segundo a professora Margot, a educação pública enfrenta um retrocesso. “A pandemia mostrou um déficit de políticas públicas inclusivas para a educação pública e isso reflete no ensino privado. O movimento sindical na área da educação é resistência contra a mercantilização do ensino superior e a precarização das condições de trabalho dos profissionais”, ressaltou.
Alex Saratt reforçou que as centrais sindicais têm a tarefa de conscientizar a população sobre a importância de mudar o governo nas próximas eleições. “Assim como os colombianos e chilenos, precisamos eleger um governo democrático em que o Estado esteja comprometido com o bem-estar da nação”, alertou.
Conforme Amarildo Cenci, a disputa eleitoral será acirrada, mas é preciso empenho para retomar o Brasil para as mãos dos trabalhadores e trabalhadoras. “O empobrecimento cultural no Brasil é fruto das desigualdades econômicas e da exclusão social, que se aprofundam nas escolas. Existem milhares de estudantes adolescentes que não sabem ler nem escrever. Precisamos priorizar a educação nessas eleições”, refletiu. Cenci salientou que um dos maiores problemas no Brasil é a fome. “A CUT Solidária, um projeto que também conta com o apoio da ADUFRGS-Sindical, entrega cestas básicas para combater a fome no Estado. Queremos comida nas escolas para os estudantes”, mencionou.
Jairo Bolter, diretor de Relações Sindicais da ADUFRGS, mediador da mesa, defendeu a educação como agente de transformação da sociedade brasileira. “Com unidade, vamos seguir em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade para todos e todas”, afirmou.
Eduardo Rolim, Sônia Mara Ogiba e Maria de Lourdes Gomes, diretor/as de Tesouraria, de Comunicação e de EBTT da ADUFRGS, respectivamente, também acompanham a atividade, que conta ainda, com a presença de ex-presidentes e diretores.
A segunda mesa de debate “O papel da ADUFRGS no Movimento Sindical” reuniu ex-presidentes da ADUFRGS, Sérgio Nicolaiewsky, Rubens Constantino Volpe Weyne, Claudio Scherer e Paulo Machado Mors, que relembraram momentos relevantes na luta do sindicato e avaliaram a conjuntura nacional.
“As lutas sindicais acompanham a realidade das necessidades históricas e lembrou que a entidade surgiu da necessidade da luta pela democracia e que mais uma vez, após 44 anos, o sindicato se vê novamente engajado para defender os ideais de liberdade de pensamento, de expressão, do contraditório e de uma educação pública para todos”, disse Nicolaiewsky.
Rubens lembrou que vivemos em tempos de todos contra todos, numa sociedade cada vez mais beligerante que está dividida desde 2013, faz-se necessário mais ouvir do que falar. “Quando era estudante de jornalismo era senso comum que um bom jornalista deveria ter boa oratória e saber falar bem. Um professor que jamais esquecerei dizia que um bom profissional da comunicação é aquele que sabe mais ouvir do que falar, pois a palavra é de prata e silêncio é de ouro”, comentou.
Scherer, um dos fundadores da ADUFRGS-Sindical, lembrou a queda do Brasil nos índices educacionais e, também, do investimento do governo na ciência, tecnologia, pesquisa e extensão. “A falta de financiamento na educação e ciência colocaram o País num patamar abaixo do que já esteve recentemente”, salientou.
Paulo Mors fez críticas à situação financeira das universidades públicas, que reflete no desenvolvimento do País. O professor convidou o atual e os ex-presidentes para produzirem um livro com o intuito de oportunizar aos professores ingressantes nas universidades e à sociedade o conhecimento da história de lutas da ADUFRGS. “Acima de qualquer bandeira partidária é importante ressaltar a parceria entre a ADUFRGS e a CUT, principalmente nos tempos de pandemia em que a crise atingiu com mais força a população carente. A distribuição de cestas básicas é um ato de solidariedade”, mencionou.