Antes do início do show, a professora Ana Boff de Godoy, vice-presidente do Sindicato, falou sobre a presença do racismo estrutural também nas universidades e institutos da base.
O grupo 50 Tons de Pretas apresentou na ADUFRGS-Sindical na última quarta-feira, 22, o espetáculo “Tira o Teu Racismo do Caminho”, cujas letras são compostas por temas que envolvem mulheres pretas, feminismo, diferença de classes, esperança de uma sociedade igualitária e fortalecimento da mulher. As letras dessas canções problematizam e provocam reflexões acerca de espaços ocupados por mulheres pretas. Antes do início do show, a professora Ana Boff de Godoy, vice-presidente do Sindicato, falou sobre a presença do racismo estrutural também nas universidades e institutos da base. O evento contou com a participação da secretária de Combate ao Racismo da CUT-RS, Isis Garcia.
#PorUmaEducaçãoAntirracista
“Quem deveria estar fazendo essa apresentação era uma diretora ou diretor preto. Mas não temos, e isso não é um problema exclusivo nosso, é um problema muito sério da nossa sociedade. Nós somos um sindicato de professoras e professores do ensino EBTT e superior federal, e refletimos a nossa base, que é branca”, lamentou a vice-presidente, que também apresentou números. Conforme Ana Boff de Godoy, a Universidade Federal de Ciências da Saúde (UFCSPA), da qual faz parte, tem 350 professores e apenas duas professoras pretas. Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), são 2.853 professores, e 53 são pretos. “Se passarmos para percentagem, é uma vergonha. A UFRGS tem 1,85% de professoras e professores pretos, e a UFCSPA, 0,57%”, relatou.
A sindicalista também falou sobre como mudar essa realidade. “O que podemos fazer para mudar? Lutar por uma sociedade antirracista, inclusiva e real. Que reflita os mais de 50% da nossa sociedade, que é preta. Por isso vocês estão recebendo essa camiseta (Por uma Educação Antirracista), porque acreditamos que a educação não transforma o mundo, mas transforma as pessoas e as pessoas transformam a sociedade. Essa é a nossa pauta e será sempre”, completou Ana Boff de Godoy. A professora também falou de conquistas, lembrando da ampliação da Lei de Cotas. “Uma lei que era temporária foi aprovada e ampliada, tornada perene, que esperamos que um dia não seja mais necessária, mas enquanto isso será uma luta nossa”, concluiu.