Dentro das atividades do Novembro Negro na ADUFRGS-Sindical, a Série Personalidades Negras, destaca a trajetória de bell hooks, pseudônimo de Gloria Jean Watkins, escritora, professora, teórica feminista, artista e ativista antirracista, nascida em 1952, na cidade de Hopkinsville, Kentucky, Estados Unidos. A escolha da ativista para encerrar a série lembra não apenas a luta contra o racismo, mas também pelo feminismo e pelo fim da violência contra a mulher, outra bandeira defendida pelo Sindicato e destacada neste mês de novembro.
Produção maiúscula, pseudônimo em minúsculo
A escritora, que tem vasta produção literária, com mais de 30 livros publicados, inclusive literatura infantil, tem intensa influência do educador brasileiro Paulo Freire. bell hooks defende a pluralidade dos feminismos e entende a prática pedagógica como lugar fundamentalmente político e de resistência nas lutas antirracista e anticapitalista. A professora bell valoriza, como Freire, todo o tipo de conhecimento e pedagogia, inclusive os originados fora da academia, a partir das práticas cotidianas. Seus estudos dialogam com os de outras intelectuais e ativistas, como Lélia Gonzales e Sueli Carneiro, destacadas nesta mesma série da ADUFRGS-Sindical.
“O mais importante em meus livros
é a substância e não quem sou eu.”
A escritora diz que, para ela, nada tem mais importância do que as ideias e o conhecimento: “o mais importante em meus livros é a substância e não quem sou eu”. Por isso, escreve seu nome somente com letras minúsculas, para dar ênfase à sua escrita e não a si mesma. O nome também foi inspirado na sua bisavó materna, Bell Blair Hooks.
Autora de obras como “E eu não sou uma mulher? Mulheres negras e feminismo”, “Ensinando pensamento crítico: sabedoria prática”, “Anseios: raça, gênero e políticas culturais”, “Olhares negros: raça e representação”, “Erguer a voz: pensar como feminista, pensar como negra”, “O feminismo é para todo mundo”, “Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade”, além de “Meu crespo é de rainha” e “Minha dança tem história”, entre tantas outras, bell hooks aborda, pela sua perspectiva, o feminismo, a experiência da mulher negra, o período da escravização nos Estados Unidos, o sexismo, o racismo, e também estereótipos e romatizações culturais, afirmando que “ser forte diante da opressão não é o mesmo que superá-la”.
A escritora também relatou em uma das suas obras a sua experiência enquanto criança, época em que as meninas não eram estimuladas a se desenvolver intelectualmente, muito pelo contrário. Seu pai, conforme contou em uma das suas obras, dizia que “os homens não gostam de mulheres que falam o que pensam”.
Para quebrar essa barreira, hooks conta o quanto precisou entrar em conversas de “gente grande”, enfrentando punições por isso. Essas punições, conta, “tinham o propósito de silenciar – a criança, mais particularmente a menina. Se eu fosse um menino, eles teriam me encorajado a falar, acreditando que assim, algum dia, eu poderia ser chamado para pregar”. Foi em uma escola segregada que bell hooks encontrou professoras negras que valorizaram sua inteligência e então experimentou uma formação que incentivava tanto seu intelecto como o compromisso com a justiça social e a igualdade racial.
Suas obras seguem até hoje essa premissa, de convite à reflexão sobre o mundo e as nossas ações, passando por temas e teorizações que, mesmo complexos, convidam para o diálogo.
Veja as personalidades negras que foram destaque na série:
A ativista e intelectual Lélia Gonzales uma das fundadoras do Movimento Negro Unificado (MNU), ano de 1978.
A paulista Sueli Carneiro, filósofa, escritora e ativista antirracismo do movimento social negro brasileiro.
O poeta Salgado Maranhão, pseudônimo de José Salgado Santos.
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