O presidente em exercício da ADUFRGS-Sindical, professor Darci Campani, foi o entrevistado desta quarta, 20, no Bom Dia, Democracia, da Rede Estação Democracia. A pauta foi o retorno 100% presencial das atividades de graduação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) a partir de junho.
O dirigente destacou a complexidade do retorno presencial, em especial em universidades e considerando a população abrangida pela UFRGS. Darci Campani destacou ainda que, ao contrário do que algumas pessoas acreditam, a UFRGS nunca parou, e que apenas o modo de ensino é que foi sendo adaptado às necessidades decorrentes da pandemia.
“É bom deixar claro para a sociedade gaúcha, pois temos recebido críticas, que a UFRGS nunca parou de dar aulas. Dizem ‘funcionário público, recebendo salário em casa sem fazer nada’. Não: estamos trabalhando. As aulas à distância são muito mais estressantes que uma aula presencial do ponto de vista físico e emocional. Mas estamos retornando”, enfatizou o professor, acrescentando que as aulas de laboratório já haviam sido retomadas.
Sobre a complexidade do retorno das aulas no ensino superior, Campani lembrou que, diferente das escolas, as universidades possuem características próprias que tornam o processo mais complexo. “O dia a dia que aparece na imprensa é o do colégio. Se eu vou para uma sala de aula, os meus colegas são os mesmos na semana. Os professores se sucedem e são alguns por matéria. Se um aluno testar positivo, aquela turma tem que ir para o período de quarentena, de isolamento. No ensino universitário, é assim na Unisinos, na UniRitter, nas públicas e privadas, um aluno frequenta até 10 disciplinas diferentes, com turmas diferentes, professores diferentes. No próximo semestre vou dar quatro disciplinas diferentes. Se eu positivar, como fica? As quatro turmas vão ter que entrar em reclusão”, exemplificou. ”Se um aluno meu, de uma disciplina, for positivado, as três turmas também ficarão sem professor. Nesse período pode vir, novamente, a dar aulas à distância”, complementou.
O sindicalista também criticou a retirada da situação de emergência pelo governo, sem consultar os pares e órgãos de saúde. “Foi um fato eleitoral no Domingo de Páscoa”, disse Campani, que chamou a atenção para a necessidade de garantias sanitárias que assegurem a segurança de todos. “Eu, por exemplo, tenho 65 anos, estou fazendo um tratamento de saúde que me deixa imunodeprimido, e o período emergencial acabou, então a legislação que nos abrigava, que me permitia manter o ensino à distância, acaba também”, afirmou.
Campani destacou a função dos sindicatos na defesa da garantia da saúde. “Nós, sindicatos, temos que exigir isso, é o mínimo, que é o passaporte vacinal”, disse o sindicalista. O professor lembrou que a cobrança de vacinas já é padrão na matrícula de crianças, em transporte de animais, entre outras situações, e não é diferente nas universidades. “Isso está na resolução do CEPE, está em resolução do nosso Conselho Universitário, por mais que a nossa Reitoria resista”, finalizou, lembrando que ainda são esperadas normativas específicas após a retirada da situação de emergência, mas que o Comitê Covid da UFRGS pode estabelecer normas mais rigorosas para proteger alunos e professores. (Acesse as Diretrizes Comitê Covid UFRGS).
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